segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

a razão do diabo

Quis custodiet ipsos custodies?
Quem guardará os guardas?

Prepara-te. Hoje, explico-te os mecanismos mais básicos do mundo, tal como eu os entendo. E entendo-os.

Antes de mais, deixemos uma coisa assente. Tudo é equilíbrio.
Equilibrium. Equi libra. Equi, igual. Libra, balança. Por muito infantil que possa parecer a explicação, torno a fazer questão de lembrar que é preciso entender e usar as palavras na sua plenitude de significados. Sendo assim, define-se que equilíbrio é, primária e etimologicamente, o fenómeno pelo qual se colocam em igualdade de peso dois pratos de uma balança. Fisicamente (para os mais científicos), isto significa que as suas acelerações se anulam.
Assim, na prática, o que estou a dizer é que este universo se rege por um princípio muito simples. Quando um prato da balança pesa mais, é preciso compensar no outro. E por pratos da balança entendam-se quaisquer dois extremos que se possa imaginar.

Imagino que estejam já os mais impacientes a perguntar-se que raios é que isto tem a ver com o tema deste texto. Vamos por partes.

Primeiro. A existência funciona através de extremos. Desde que nascemos até quando morremos e antes e depois, todas as nossas acções, pensamentos ou sentimentos são compreensíveis entre dois extremos. Extremo positivo e extremo negativo. A meio, temos o equilíbrio. Como vêem, até o próprio conceito de extremo tem dois extremos. Extremo e não extremo, ou meio. Se desenvolverem este raciocínio suficientemente, hão-de aperceber-se que se chega a um ponto em que a razão humana é insuficiente para descalçar esta bota até ao fim.

Segundo. Há dois tipos de forças, energias, cargas ou acções no universo. Positivas e negativas. Estas dirigem-se de um extremo a outro e, para cada acção, há uma reacção de sentido inverso e igual intensidade. Está claro que o facto de tudo isto ser analisável não é senão uma questão de perspectiva, uma relatividade no tempo e no espaço que é inerente a quem observa. O observador ideal não teria perspectiva e portanto não teria relatividade, pelo que não necessitaria de interpretar factos, apenas de fazer cálculos. E isso, já agora, seria saber o destino.

Terceiro. A união destes dois factores resulta num equilíbrio cósmico inabalável entre harmonia e caos, morte e vida, bem e mal, luz e escuridão, positivo e negativo.

Não sou só eu quem o diz. Di-lo Newton com as suas leis, di-lo Einstein com a sua teoria da relatividade e tantas outras, di-lo o yin yang, os budistas, os hindus, os cristãos (sim, os cristãos)...

De diferentes maneiras, sob diferentes formas e disfarces, o subconsciente continua a dizer-nos o mesmo vezes e vezes sem conta. A resposta está no equilíbrio.

O problema é que, como diz Newton na sua primeira lei, se não lhe for aplicada uma força, um objecto estará parado. Inexistência. Contudo, uma vez aplicada uma força, esse objecto movimentar-se-á com a mesma velocidade e sentido até que lhe seja aplicada nova força.

Ora, se a existência (o movimento) dependesse de apenas um extremo, isso seria o mesmo que dizer que o objecto andaria infinitamente no mesmo sentido, que é o mesmo que dizer que a balança penderia infinitamente para um dos lados. E isso é absurdo, porque nesse caso o ser humano, a vida, o planeta terra e a organização de partículas em geral nunca poderia ter existido, degenerando-se o universo num calor ou frio extremo, caos extremo que não permitiria reacções de qualquer género ou organização extrema que deixaria as moléculas estáticas, etc.

Tomemos um conceito totalmente diferente. Económico. Desenvolvimento sustentado. Compensação de custos com lucros. O universo criou este sistema há muito tempo atrás.
Resumindo, esta é a lei que rege o universo, está gravada em cada minúscula partícula do nosso ser, pelo que é perfeitamente natural que vejamos o mundo como uma dança entre extremos.

Como tal, quando pensamos na existância de um deus, uma força positiva, faz todo o sentido que equilibremos a balança com uma força negativa. o diabo (muahahahaha!)

Quis custodiet ipsos custodies?
O universo tem a solução perfeita. Duas cargas antagónicas com objectivos antagónicos, cujas forças se anulem numa perfeita harmonia e num perfeito caos, controlando-se mutuamente, lutando sempre em vão pelo desiquilíbrio, mantendo assim o equilíbrio.

Descobre os desígnios do mundo e descobre o teu lugar no seu equilíbrio :)

6 comentários:

Unknown disse...

Bom dia Caríssimo espelho meu...
Após vários dias de ausência eis que sua digníssima pessoa volta e em grande estilo e com uma dissertação muito muito interessante!!!

Desde o científico ao espiritual consegues abranger uma panóplia de situações muito interessantes.

Sem dúvida alguma que a principal lei do Universo é o Equilíbrio!!!

Julgo que o equilíbrio de cada um nós reside na forma como gerimos o nosso mundo com o mundo exterior. Mas has-de concordar comigo que algumas precisamos do caos para conseguirmos encontrar o nosso EQUILIBRIO...

e Tu já encontraste o teu?!!! Poderia apostar que dificilmente o sentes plenamente porque a tua sede da vida não tu permitir encontrar na sua plenitude afinal que piada teria a vida para ti não é?! :)

. disse...

bom dia cláudia :)
mais uma vez, na mouche. sério, é incrível.

tens toda a razão, mas é questão é que até no equilíbrio há desiqulíbrios. eu vivo consciente do equilíbrio, preparado para ele. não quer dizer que viva no equilíbrio. isso seria muito, muito aborrecido :P

beijinhos e peço desculpa pela ausência :)

Unknown disse...

Olá espelho meu...

Ainda bem que o meu feedback te fez sentido senão de que valia escrevermos... é tão bom quando temos alguém que nos sabe ler... Fico contente por saber que de alguma forma te soube intrepertar um pouco isso a mim faz-me sentir menos só num mundo cada vez mais solitário em si mesmo...

Catraia_Sofia disse...

E escreveste uma reflexão detalhada, cuidada e que nos deixa a pensar.
Estas linhas significam 'apenas' e só que tens pensado muito... e que isso pode ser causador de equilíbrio e/ou de desequilíbrio!

Eu escolho a ideia de balança e do seu jogo, e fico a pensar...

'stracci disse...

Nso percebi a parte da vizinha.

Unknown disse...

está verdadeiramente sensacional, e adorei a tua forma de escrever :)