terça-feira, 13 de abril de 2010

de que somos crianças. E depois, recusamo-nos a acreditar naquilo em que acreditamos. Sabemos os passos. Ainda assim, celebramos o despojo de propósito da dança oca, na tentativa de esquecer que passamos a parte maior do nosso tempo a bater caprichosa e simplesmente o pé no chão. Queremos, e não apenas isso; queremos consistentemente.
Vítima da voracidade que se impõe, a nossa existência amorfa delapida um mundo atrás do outro só porque carece de razões para, ela própria, existir. Uma gigantesca boca, com o único objectivo de ser meio para um incessante apetite, a única eventual saciedade na eventualidade de se engolir a si mesma.

Centrados na ébria cegueira do nosso umbigo de crianças mimadas, exigimos sentido ao mundo. Reclamamos lógica ao mundo, sem vergonha na figura em que nos apresentamos ao olhos do mundo, nus e desprovidos de lógica.

Mas é isto que somos.
E, muito de vez em quando, esquecemos de esperar algo tão lógico como um início ou um fim e somos capazes de sorrir por termos ainda que a ilusão de um nascer do sol. E esperamos que isso seja gratidão suficiente.

Nascemos.

3 comentários:

Catraia_Sofia disse...

Uma reflexão curiosa :)

Barbara disse...

Uma reflexão - conclusiva e suficiente.
Mantenha.

S* disse...

Gosto da tua forma de pensar... complexa mas fácil.