Pretas papitações assombram o fundo de cada escolha que ficou, no tempo, inerte.
Segregam-se de mim, comigo, para o medo mais fundo do fundo de mim, onde olhos não querem chegar e a necrose dos nervos que não alimento impede o ar gélido de ser sentido, esse que se arrota do antro dos meus vícios mais putrídos e que me sobe à cabeça nas horas tardias de uma noite que chega nos braços da lógica de um assassino.
Acorrenta-me ao vórtex vazio das órbitas em espiral. E, em espiral, à boca deformada e ao sussuro da morte certa que penetra como um mantra cada vibração da minha defeituosa existência. Embarga-me os movimentos em espasmos cronicamente perfeitos e cronologicamente mais completamente sádicos, na destreza de quem, de cansaço, vomitou a alma e a cedeu, por duas horas de sono, ao diabo.
Choco e indigno e horrorizo e tiro disso o maior prazer, porque assim me ensinaram. E, quando choco e indigno e horrorizo, acenam-me o lenço branco que esconde no meu íntimo o preto das palpitações que assombram o fundo de outras escolhas que ficarão, no tempo, inertes. Outras, chocantes, indignantes e horrorizantes que, um dia, haverei, por eles, de tomar.
Das Weisse Band. Um retrato do que de pior existe em nós. Sem dúvida, um enorme filme.
4 comentários:
...sendo enormes as coisas que temos de pior - pela densidade
Olá gostava de voltar a ver um dos teus textos escritos...
wow!
Grrr... o pior que há em nós? Deve ser muito mau mesmo, então.
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