quarta-feira, 10 de março de 2010

o patinho feio

Passam e cumprimentam-me, como velhos amigos meus.
Alguns falam, outros choram, outros sentam-se ao meu lado.
Quando dou por mim, sentado, quem já é velho sou eu.

Passam e cumprimentam-me,
Os porcos hipócritas dos instantes.
Sentam-se e dão conversa e,
Versa, não versa,
Quando olho o que era agora, o que vejo é já antes.

Afagam e agridem,
Enternecem e enlouquecem.
E desprezo quase todos.
E quase todos me esquecem.

Uns, visitam-me de novo. E de novo.
E chegam, às vezes, em pares de três
E todos desbaralhados da mesma vez
E já não sei quem quando porque raio os fez
Existir.

Suponho que saiam só porque tenham que sair,
Obscurecidos,
Poemas que saem para denegrir a alma de quem os provoca.
Para desenvaidecer espíritos envaidecidos
E mostrar em quantos instantes se troca o mais razoável dos poetas
Por outro que é, decerto, de funesta rês.


às vezes descobrimos partes de nós que não pensávamos serem nossas. e são igualmente nossas, e são igualmente valiosas. este é o meu patinho feio de hoje. e gosto dele :)

2 comentários:

S* disse...

Tens é de gostar. defeitos todos temos... há que aceitar e tentar mudar.

Unknown disse...

Um dia eu disse que a imperfeição existe para que a perfeição possa existir... Ainda bem que descobriste o teu patinho feio é sinal que já sabes que cisne tens dentro de ti... um dia destes podias escrever sobre isso