Vou à borda e molho o pé.
Uma e outra vez, toco e fujo, um tolo que quer descobrir o fundo do mar com meio salpico de água no pé. Meio salpico e já foste tu, já sinto mil risinhos por dentro, já me tocaste, já me conheces, já me queres.
Está claro que não olho à volta, que não vejo mais mil milhões de meios salpicos a arrepiar mais mil milhões de pés. Meio salpico e já sou teu. Dou um passo atrás e extasias-me, só por ti.
Como que sinta a água fresca e quase que tenha medo que o calor do meu corpo a aqueça, que a mude um bocadinho só que seja. Ou como que me importe com algum pescador que te reclame. E não mergulho no verde dos teus olhos de uma cor que eu nunca vi, nunca mais que um relance propositadamente de fugida.
E não é por nada disso. Psstt. Entre nós, princesa, acho que tenho medo.
Entende-me lá, é porque toda a gente sabe que o mar é sempre mais lindo quando reflecte as estrelas. E assim como estou, molho um dedo, uma ondulaçãozita, as estrelas tremelicam e riem um riso distante, lá no céu, em ti. Mas as estrelas estão lá em cima e eu não lhes consigo tocar. O mais próximo que lhes chego, és tu.
E assim já não sei se te amo pelas estrelas que te conheço e não tens ou pelo fundo que tens e eu não conheço.
O que eu sei mesmo é que tenho sede do verde dos teus olhos.
Descobre quem amas. E depois descobre-te em quem amas :)
11 comentários:
simplesmente LINDO...
adorei...
descobrir quem amamos é k é o mais difícil...por vezes os sentimentos andam baralhados...confusos...
Descobrirmo-nos na pessoa que amamos é muito saboroso!
Adorei todo o texto, a metáfora e as claras evidências de realidade sentida! Parabéns!
muitos muito obrigados :)
sabe sempre bem ao ego ouvir coisas destas, especialmente enquanto se passa por uma fase em que se quer escrever uma coisa bem feita e bonita e se tem a sensação de que ela terá que ser bonita ou bem feita ou nenhuma.
a quem vem aqui regularmente, gostava de pedir um favor. quando não se perceber, ou estiver pouco bonito ou pouco bem feito, deitem cá pra fora. mesmo :P
Hm, deixas-me confusa.. Por momentos tive a certeza que eras uma rapariga, hoje ao dedicares este texto a uma suposta princesa, deixas-me ainda mais indecisa e confusa, LOL. Anyway vejo que não sou a única que é confrontada pela incerteza.. Tu também pareces estar muito confusa/o, baralhada/o e isso fez com que escrevesses este texto, lindo por sinal, que cá está :)
descobre-te tu também, e agarra em todos os mais ínfimos detalhes. e acima de tudo, sê feliz. Se tens sede do esverdeado dos olhos da outra pessoa, diz-lhe isso! Mata essa sede :)!
beijinho
Sim, descobrimo-nos um bocado quando gostamos de alguém.
Mas acho que devemos conhecermo-nos bem primeiro, e gostarmos de nós próprios.
Sempre distingui o amor e a paixão. No amor conheces-te melhor, respeitas-te (mesmo que a outra pessoa não te respeite e que isso seja praticamente ignorado por gostares tanto dela). Na paixão estás demasiado cegado pela pessoa. Não te respeitas e praticamente andas tipo cãozinho.
Enfim, teorias.
Olha, eu nunca li nenhum livro dela. Tu já leste, pelos vistos. Estou certa?
Tens que responder à sondagem, estou curiosa.
Beijinhos.
:| Agora fiquei chocada.
Gigi, deves-me conhecer. E deves ser rapaz, eu sempre suspeitei.
Tenho que ler, então.
Adorei este texto! Tem um «quê» de história para crianças, de inocência (...) que cativa.
Bom,
para começar, parabéns pelo texto, está muito bem escrito. Vejo que dás razão a uma das minhas teorias nem sempre aprovadas por quem quer que seja e até por mim: o toca e foge. Essa maneira subtil de mostrar a pontinha do véu e depois... nada. Não significa que tenha que haver o tudo, para já. E também não significa que tenha que haver, de todo. É só um misto de magia, penso eu. É só um jogo viciante, não é? O despertar de qualquer coisa... mesmo que seja em nós.
Não acho que descobrir o fundo do mar seja coisa de tolo. Mas depende de tres coisas: da ondulação, do barco onde navegas e da temperatura da água. Se conjugares isso na perfeição deixa de te parecer sobrenatural (?). E evitas os enjoos.
Agora, tu é que decides. Ou esperas por tempos melhores ou mergulhas de cabeça. A meu ver, não deixes que a água fique demasiado turva onde depois não vejas nem lua, nem estrelas nem nada. Apenas o reflexo do que querias ver e não viste por inúmeras razões que só tu sabes. (basicamente, é o que um amigo me diz quase sempre... por outras palavras...). E também não te molhes por completo... para já, pelo menos
Beijo
"Meio salpico e já foste tu"
É muitas vezes assim: deixamo-nos levar pelos acordes do primeiro salpico. Sentimo-nos consumir quando percebemos que colocámos apenas a pontinha do dedo grande do pé e, mesmo assim, isso foi suficiente para nos arrepiar a alma.
"Meio salpico e já sou teu"
Tem de ser assim. Somos apenas o que tudo o resto faz de nós. O que seríamos então se nada nos fizessem os salpicos?
"Psstt. Entre nós, princesa, acho que tenho medo"
Ainda bem! É bom ter medo. Ele faz-nos vasculhar, dirige-nos até aos cantinhos mais escuros da nossa cabeça. Não deixes fugir esse receio mas, acima de tudo, não te esqueças de permitir-te apenas que ele seja lúcido. Muito lúcido...
"O que eu sei mesmo é que tenho sede do verde dos teus olhos"
Se sabes não interessa como chegas às estrelas nem como elas sorriem. Convence-te: não interessa. Se tocas e sorris e aqueces então só podes sabê-lo!
Ainda não percebi quem és. Costumo pensar nisso, de vez em quando. E olha que eu não costumo pensar em algumas coisas, porque me esqueço.
Eu ontem apanhei o das 2.30h mas, se não houve «basqueiro» no 205 em que foste, então não foste no mesmo que eu.
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